A energia nuclear chegou ao Brasil após um acordo que o país firmou com a Alemanha em 1975, onde colocou em primeiro plano a administração da política nuclear no país. Nesse período o Brasil era administrado pelo regime militar, gerenciado pelo General Ernesto Geisel.
Porém esse assunto tão polêmico, que sempre foi discutido em círculos mais ou menos restritos, atingiu, nos últimos anos, a grande imprensa, o Congresso Nacional, governo, prefeituras e outras autarquias públicas.
A oposição acentuada a esse acordo, formulada no Senado dos Estados Unidos, aumentou a determinação nacional de realizar negociações com a Alemanha e acabou realizando a oposição em torno de todo o governo.
Mas, afinal de contas, o que levou a motivar um desenvolvimento tão surpreendente?
Há mais de 30 anos, a política governamental (ou a ausência dela) fora violentamente criticada pelos líderes mais representativos da comunidade científica, e essas críticas chegaram às colunas dos mais importantes jornais do país. Mas nada parecia abalar os rumos definidos nos círculos mais íntimos do governo.
Mais atrás, os desenvolvimentos nesse setor no Brasil se restringiram essencialmente a atividades que não podem propriamente ser denominadas energia nuclear.
Dessa forma, além da pesquisa e exportação de minérios chamados "atômicos", o que ocorreu no país foi a instalação de reatores nucleares de pesquisa, dentro do quadro do programa "Átomos da Paz", do presidente estadunidense Dwight Eisenhower.
O Brasil entrou na era nuclear com pompa e circunstância. O reator nuclear de pesquisas IEA-R1 doado pelos Estados Unidos dentro do programa Átomos para a Paz, que permitia a outros países ingressarem na energia atômica, foi inaugurado em 1958 pelo presidente Juscelino Kubitschek e pelo governador paulista Jânio Quadros. Dois anos antes, um convênio entre a Universidade de São Paulo (USP) e o então Conselho Nacional de Pesquisas (atual CNPq) criava o Instituto de Energia Atômica (IEA), um órgão nacional para pesquisas na área nuclear. À frente dos trabalhos estava Marcello Damy de Souza Santos, um respeitado físico experimental e primeiro superintendente do instituto.
Estes reatores americanos serviram basicamente para a produção de isótopos radioativos e divulgaram seu uso na Medicina e na indústria.
Um dos setores que se tornaram mais importantes foi o da produção de radioisótopos usados na medicina nuclear, em especial para radiodiagnóstico e terapia. A pós-graduação começou em 1975, embora desde o começo houvesse a preocupação em formar quadros altamente especializados. Hoje há 400 alunos na pós.
Até os anos 1990 o cliente do Ipen era só o Estado e percebeu-se que a sobrevivência do instituto estava em se abrir para outros setores. A pesquisa com laser, por exemplo, sempre foi direcionada para o enriquecimento de urânio. “Quando a verba para a pesquisa na área do ciclo do combustível diminuiu, passou-se a mirar áreas não nucleares: crescimento de cristais, desenvolvimento de lasers e suas aplicações na área industrial e na odontologia.” Esse redirecionamento valeu também para outras áreas: química ambiental, biotecnologia, energias alternativas e outros.
Hoje o Ipen é vinculado ao estado de São Paulo, associado à USP e gerido pela Comissão Nacional de Energia Nuclear, do Ministério da Ciência e Tecnologia. O velho reator IEA-R1 continua em pleno funcionamento produzindo radioisótopos para todo o país. Nesses anos sofreu apenas poucas reformas, visando mais a segurança.
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